quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Arquitetura, viagem e o tempo

Caetano Veloso cantou sobre o tempo:
"És um senhor tão bonito, quanto a cara do meu filho. Tempo tempo tempo tempo, vou te fazer um pedido, compositor de destinos, tambor de todos os rítmos. Entro num acordo contigo: por seres tão inventivo, e pareceres contínuo, és um dos deuses mais lindos. Tempo tempo tempo tempo, que sejas ainda mais vivo, no som do meu estribilho. Ouve bem o que te digo, peço-te o prazer legítimo, e o movimento preciso. Quando o tempo for propício, de modo que o meu espírito ganhe um brilho definido e eu espalhe benefícios. O que usaremos prá isso fica guardado em sigilo apenas contigo e comigo. E quando eu tiver saído, para fora do teu círculo, tempo tempo tempo tempo, não serei nem terás sido. Ainda assim acredito ser possível reunirmo-nos num outro nível de vínculo. Portanto peço-te aquilo, e te ofereço elogios nas rimas do meu estilo, tempo tempo tempo tempo..."
- Oração ao Tempo - 


Logo que eu cheguei aqui uma amiga do Brasil me perguntou como eu estava sentindo a passagem do tempo: rápido, devagar. Não consegui responder, mas achei a questão mais interessante do que as tradicionais perguntas sobre o fuso horário ou sobre a diferença de temperatura. Agora, que o tal tempo de alguma forma se assentou, acho que consigo ter alguma idéia formada a respeito, ainda que disforme. 
Ainda não fez um mês que chegamos, mas o começo das aulas deu uma sacudida boa na rotina: levei um susto ao perceber que sim, a vida de turista/férias/não sei definir está para acabar! A rotina vai de vez ser implantada, com carteiras, professores, leituras e desenhos, e o autocad vai voltar a fazer parte da minha vida. Não sei porque isso me pareceu tão estranho, como se esse cotidiano pertencesse à um universo paralelo que eu deixei lá do outro lado do oceano. Bom, acho q contribiu o fato de eu ter tido as férias de meio de ano mais longas de todos os tempos: de julho a setembro, foram dois meses e meio de preparações, burocracias, malas, ansiedade, estágio, férias, animação, aviões, apartamentos, línguas e pessoas muito diferentes. 
Ainda que a vida "real" - odeio esse termo com todas as forças - se estabeleça, espero que ela venha com calma, ritmada, e me conforto ao pensar que por mais brasileira a rotina de estudante seja, sempre vou ter o espanhol, as viagens, a qualidade do ensino e todo o resto, pra me lembrar que estou cá longe.
Además de eso (é, tá dificil pensar o tempo todo em portugês,  o español se entranha cada vez mais) o tempo se manifesta das mais diversas formas, como nas perguntas comuns que me fazem, e acabam inevitavelmente mexendo com o nosso dia-adia. O frio chega à Sevilla e assusta à nós brasileiros, que colocamos lenços à noite e ganhamos risadas dos belgas acostumados ao inverno de verdade. O fuso pra mim não fez diferença na rotina, mas faz na hora de matar as saudades: os cariocas entram no msn quando aqui é alta madrugada, e quando e estou com tempo livre, estão todos trabalhando. Assim a distância aumenta e a saudade aperta. Galera, vamos baixar o skype, por favor?! Brigada.

Um das considerações sobre o tempo mais interessantes que ouvi, nesses dias, veio é claro de uma aula: Composición - interpretación de la arquitectura contemporánea, e um discurso muito intenso sobre a relação da passagem do tempo, da cultura e da interpretação, ou seja, leitura, dos edifícios, do cenário que está por toda a parte. Dá vontade de ir à aula, não dá?! Dá medo também. Bom, de qualquer forma ainda estou escolhendo as matérias e vendo o que de fato vou estudar. Aguardo e verei, acho, e quando souber, conto aqui.

Um comentário:

  1. buuu! q lindo o post!!! cada vez mais t acho uma poeta!!!
    mto bonita essa musica do caetano! nao conhecia!!!

    mto legal tudo! a praia e o tempo! hehehe

    bjok

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