quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ok, é tempo de despedidas. Tempo de terminar as despedidas. Já cheguei no Brasil, no Rio, em casa. Já tive a sensação de que tudo está igual, e também já a perdi. Já tomei coragem de rever as fotos do ultimo mes, que foi um mochilão, e só tem sensação boa na lembrança! O que fica é o que vale, certo?


Alguém me pediu pra escrever de forma menos formal, então aqui vai, pelo menos na ultima vez.
Tentando contar o que me aconteceu na fase saída do erasmus e volta pra casa, tenho que começar com três personagens principais dessa história: Camila, Layla e Itauana, três das minhas amigas de "infância" que quebraram o cofrinho pra ir me buscar e levar um pouco da minha vida brasileira pra perto de mim. Não tenho palavras pra descrever como foi bom!
Demos a volta ao mundo em um mês, visitando quatro países, conhecendo muitas cidades lindas, muita história e nos divertindo como nunca. O clima de férias deixou no chão as mazelas de viajar no verão na Europa - quando você e toda a torcida do flamengo aproveitaram o euro em baixa e lotaram os pontos turíticos. O auge da viagem pra mim foi o nosso reencontro: as meninas incorporaram todas as expressões em espanhol que eu já tinha inserido no meu dircurso diário, se apaixonaram por cada cidade que passamos, com um carinho todo especial por Sevilla, e fizemos questao de manter um ritmo agradável pela viagem: escolhemos os pontos que queríamos visitar, e fizemos de cada pausa pra descanso e comida um longo momento de botar a conversa em dia e matar a saudade, que tava é grande. 


A volta ao Brasil ficou então um pouco amenizada, mas ainda assim foi difícil: já tinha desacostumado com as longas distâncias e outras particularidades da vida por aqui. Mas voltei perto do meu aniversário e foi uma ótima desculpa pra rever os amigos e aos poucos voltar à vida por aqui. 


A todos que me acompanharam esse último ano, enviando palavras de carinho, meu muito obrigado!!!!
Um beijo enorme
Luísa

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Até hoje foi sempre futuro

"Ai, ai, ai aaaaaii, tá chegando a hora! O dia já vem, raiando meu bem, eu tenho que ir embora!"


Bati o recorde mais uma vez. Passou praticamente um mês desde meu último post, infelizmente. Hoje é meu último dia em Sevilla, minha última noite aqui na minha casa.  O último mês foi corrido: meu irmão veio me visitar, eu terminei as atividades da faculdade, e viajei para alguns lugares fantásticos. O blog, durante esse ano todo, foi uma boa forma que eu encontrei de desabafar um pouco e compartilhar tudo que andou passando comigo. Foram uns 50 posts e mais de três mil visitas, e valeu muito a pena. Amanhã começo a primeira parte da grande viagem final, e não sei como vai ficar meu acesso à internet, então por hora fecho as portas oficialmente, deixando uma fresta aberta pra um prólogo, ou "o que aconteceu com Luísa depois de dar a volta ao mundo em 80 dias".
Pra tentar compensar um pouco a ultima ausencia, aí vai um an passant dos últimos acontecimentos:

Depois de nove meses de comunicação via uma tela, o Gabriel, meu irmão gêmeo, veio me visitar!!! El Gemelito fez o maior sucesso, conheceu meus amigos, apreciou minha desenvolta culinária, turistou e fizemos muita festa juntos. Foi uma semaninha curta mas muito divertida, que acabou em Madrid, de onde saía seu voo de volta para o Brasil. Te amo, Ga!
De Madrid eu peguei um võo pro Porto, em Portugal, ter uma aula de arquitetura com o Álvaro Siza, principal arquiteto português, Souto de Moura, seu discípulo e recente ganhador do Pritzker, o "Oscar" da arquitetura, e o Rem Koolhaas, arquiteto holandês que tem esse projeto aí da foto - a Casa da Música - no centro da cidade (Na foto, a primeira vista que eu tive do projeto, saindo da estação de metrô que leva seu nome). É asustador. Eu passei o ano estudando o Siza e o Koolhaas aqui em Sevilla e de verdade foram dois dias de aulas de arquitetura viva. Casa linha do desenho desses arquitetos tem um sentido, e as suas obras quase que falam. 
Além disso, estar em Portugal foi uma emoção à parte. Fazia tempo que eu não me comunicava livremente em português (falar com os brasileiros aqui de Sevilla não conta! haha) e lia "ç" e "ão" por todo canto. De certa forma a proximidade com o Brasil e com a minha volta mexeram um pouco comigo, sabendo que tá muito próximo o finzinho aqui, mas enfim, o encanto com essa cidade me animou, foi uma das mais bonitas que já vi por aqui.
E, por fim, a aventura mais esperada da Europa: ir pro Marrocos fazer uma excursão ao deserto.. haha. Não tenho como narrar todas as coisas que vi e ouvi por alí, fosse no barulho de Marrakech, fosse no silêncio do deserto em Merzuga, fronteira do Marrocos com a Argélia. As cores intensas, a caligrafia delicada, o dinheiro que vale tão pouco, as crianças pedindo dinheiro, as mulheres de cabelos escondidos. Os berbers, nômades do deserto que mal sabem sua idade mas falam uns cinco idiomas, conscientes de que comunicar-se é uma forma de sobrevivência. O calor quase carioca, a cor sempre rosa das construcôes, a mimesis com a natureza, a arquitetura sempre presente. A simpatia das pessoas, o desespero das pessoas. As dunas infinitas, o mar de areia. Foram mais ou menos quatro dias e meio nesse país, mas bastou pra perceber que ficou muita coisa por ver. Que bom, fica uma desculpa pra voltar.

Então, por fim, acabou. Sabe aquela música, é só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte? Impossível não lembrar. Mas eu prefiro guardar com carinho o título desse post, que eu ouvi de um italiano que se foi de intercâmbio em portugal, e entendeu assim sua experiência: até hoje foi sempre futuro. Não sei quando a ficha vai cair de tudo o que passou, mas o sentimento de alegria e aprendizado vão ficar pra sempre. 

Serão muitos dias de viagens antes de voltar ao Brasil, e espero realmente ter tempo pra ir contando as aventuras por aqui. 

Um beijo pra todos os que me acompanharam aqui, lendo, comentando, me apoiando!

Hasta la vista, baby! 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Carioca, brasileira, americana; terrestre?

Que o intercâmbio é uma oportunidade de se conhecer melhor, uma vez que você está longe de casa, amigos e família, todo mundo sabe. Mas aqui descobri que o intercâmbio é também uma oportunidade de re-conhecimento. Assim,  meu professor de composição (que é o que mais me faz pensar sobre a arquitetura, a vida e o mundo mundial) disse outro dia em classe: "sólo eres tu cuando reconoce tu exterioridad". O que isso quer dizer, pelo que eu entendi, é que entender algo, identificar, nomear e etc, é um processo também de identificar seu lugar/posição no mundo e seus limites. Definir uma coisa por aquilo que ela não é (como a clássica 1ºaula de urbanismo em que se define cidade como o contrário de campo) é um já batido também.
Assim que, realizar que o seu lugar no mundo de certa forma também define quem você é, é bem interessante.
Já sabia antes de vir que a europa tinha cidades bem antigas, que as pessoas eram muito cuidadosas com a cidade, que na Itália se come pasta e na França crepes.. e outros clichês. Mas tive que (vi)ver de perto os europeus e suas cidades pra entender porque no Brasil temos menos cuidado. Entender que uma cidade é grande quando tem 500 mil habitantes e 2000 anos de história e que isso cria(??) pessoas diferentes das de cidades com 5 milhoes de habitantes e 200 anos de história. 
No Brasil, americano é quem nasceu nos Estados Unidos (da América), certo? Errado. Aqui, pela primeira vez me senti americana, fruto de um modo de viver e de construir altamente capitalista, globalizado e veloz. É, o ritmo do velho mundo é mesmo outro. Mudar? É fácil mudar de ritmo com um rio, uma giralda, e um tempo demasiado grande entre almoço e noite. Restaria saber como vai ser a volta, mas nela eu não vou pensar, já resolvi.
Outra coisa muito legal foi enxergar minha cariquiocidade  com outros olhos (ainda que eu viva em Niterói há mais de dez anos) e que meu sotaque não seja assim tão forte (aham, cláudia). Mas conviver com brasileiros de todas as partes do brasil menos do Rio me fizeram estranhar meu próprio S, e conhecer melhor os quatro cantos do meu próprio canto. Um outro professor meu do rio (sim, eu presto atenção nos meus professores.. haha) que era gaúcho, disse que quando estava em Londres fazendo doutorado também percebeu o quanto sua gaucheza fazia parte dele. Hj eu o entendo. Há gestos, atitudes e modos que só um carioca faria, ou só um baiano, ou só um palermitano, es decir. 
Cada um no seu quadrado? ainda bem que brincamos de nos (re)conhecer, e aprendemos tanto com isso.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mudaram as estações (nada mudou)

"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar, que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba?"
(Por Enquanto, Cassia Eller)


Só pra que, se antes a sensação era de "tá acabando!" agora já virou "já acabou". Já faço listas de lugares de Sevilla que eu ainda não conheci, comecei a fotografar cada esquina que vejo, e me dou conta de que me faltam duas semanas pra terminar todos os meus trabalhos, até que chegue meu irmão e as entregas. Já cruzo a ponte olhando o rio e pensando "não quero ir!"
Só não termino com "estamos indo de volta pra casa", porque seria uma mentira.


Opto por terminar com um poema de um livro que minha mãe me deu quando eu era criança (não lembro a idade!) e nunca me esqueci, e acho o finalzinho um tanto quanto pertinente.


"Um aviador irlandês prevê sua morte
Nas nuvens, perdido, em seu meio,
Que sina me aguarda estou vendo;
Quem vou combater não odeio,
Não amo a quem defendo.
É Kiltartan Cross minha terra,
Minha gente, os pobres de lá,
Seu mal não finda o fim da guerra
E nem mais feliz a fará.
Não luto por lei, por dever,
Políticos, povo, escarcéu:
Impulso só meu de prazer
Me trouxe ao tumulto do céu.
A mente os cálculos faz:
À frente não tendo o que importe,
Nem tendo o que importe por trás,
Compensa esta vida esta morte.


D.W.Yeats

Tradução de Paulo Vizioli, no livro Poemas (Companhia das Letras, 1991)

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Moda em estações (in)definidas

Na minha terra é assim: no inverno a gente usa calça jeans, casaco (cujo tecido mais grosso é o.. jeans?) e sapatilha. No verão a gente usa sandália, saia, short e blusa sem manga. E é suficiente.
Bastou eu cruzar o oceano pra  mergulhar num oceano de acessorios que acompanham a passagem das estações e truques pra sobreviver à todas elas, como o incrível princípio da cebola, no inverno. 
A chegada em Sevilla foi ótima: saí do inverno carioca (oi?) de 20ºC pro verão Sevillano, me sentindo em casa: andava pelas ruas de short e havaiana.

Verão em Cadiz - pernas e braços de fora, cablo preso!



E chegou o outono! Sobreposições,
lenços e calça comprida
Mas outubro chegou, o sol deu adeus, e no terceiro mês que eu passei em Sevilla tendo que comprar roupas confesso que levei um susto: até quando minhas guarda-roupa brasileiro ia continuar inadequado pro clima europeu?? Quando eu compava uma blusa de manga curta, passava duas semanas pra ela ser inutilizada. Ok, compro uma de manga comprida. Oi? Ok, um casaquinho pra noite. Naaada disso!
Passei um tempo dormindo com calça de ginástica (e quem disse que eu tinha pijama de calça comprida?) e casaco, mas de fato foi Londres que me fez entender que o frio não algo com que se brinca: há que estar preparado. Foi a primeira grande viagem pro "exterior" e foi quando a crueldade do inverno deu as caras (e isso porque ainda estávamos no outono!!!). Pra me preparar, fui no outlet da outlet da Zara, comprei um casaco de chuva sensacional por 15 euros e me senti garantida. Ou quase.. me disseram que lá chovia todo santo dia e que um ítem indispensável era a famosa bota galocha, quase uma havaiana para os brasileiros. Acontece que era nossa primeira viagem de Ryanair, e.. quem disse que eu ia levar algum outro calçado na minha humilde malinha de 50L? Resultado: cinco dias com o pé metido num bota até o joelho e congelando. Ok, aprendi. O que eu sei é que frio é o que eu passei em Sevilla, o que eu senti em londres, ainda não inventaram nome!!
Inverno em Viena - lição aprendida, de casaco, gorro, luva de couro , calça e bota!

Ok, voltando, esse post não é pra falar do frio, mas sim como a mudança das estações se refletiu no meu armário. Passados os festejos de fim de ano, o inverno continuou maltratando e me fazendo circular por aí com meia calça, calça de ginástica e calça jeans por cima (eis o princípio da cebola), impedindo meus movimentos e me fazendo esquecer da cor do meu.. pé.
Os lenços da outono foram substituidos por grossos cachecóis e as blusas sem manga foram guardadas na mala - não fazia sentido ficar ocupando o armário à toa. 
Quase que por milagre fomos presenteados com duas ondas de calor: uma no começo de janeiro e uma no meio de fevereiro, essa última com termômetros alcançando mais de 30ºC e fazendo todo mundo acreditar que a primavera tinha chegado. Que nada, seu anúncio oficial veio a pouco mais de um mês, e agora sim, as botas não fazem parte mais do figurino (a chuva agora convida pra um tênis..) os lenços voltaram a dar o ar da graça e as estampas florais invadiram todas as vitrines que se prezem. 
Mas um ítem continua me chamando a atenção: a meia calça. No Rio era cor de pele e coisa de velho.. sem sentido nenhum.

Primavera indefinida - meia no lugar da calça, sapatilha no lugar da bota, lenço no lugar do cachecol, mas, ainda de casaquinho na mão.


Aqui foi o charme do outono e fim do inverno com todas as suas cores, expessuras e texturas. Agora é o maior quebra-galho: a calça jeans já ficou muito pesada, mas ainda não dá pra circular por aí de shortinho, ainda mais em um ambiente um pouquinho mais formal como a faculdade. Mesmo transparente/cor da pele, dá um ar mais "elegante" e esquenta pro caso de bater um ventinho.
Bom, essa semana que vem vamos presenciar aqui o maior desfile da Andalucía: La Feria de Sevilla! Uma grande feira, com muita comida, bebida, flamenco e sevilla e, é claro, os mais belos trajes. Um vestido novo chega a custar 500 euros, mas todas as erasmus se viram pra entrar no clima, que é cheio de cores e cultura! Mal posso esperar! Hasta luego!


Primavera quase verão - cores alegres e finalmente, a luz do sol. =)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Uma Semana Santa muy peculiar

As ruas lotadas revelavam a expectativa que gera um evento de Interese turistico internacional. Qualquer guía turístico de Sevilla avisa: esteja na cidade pra ver a Semana Santa e a Feria, principais eventos turísticos da cidade, (que alias são em datas bem próximas). Quem ficou viu uma cidade transformar-se num grande palco de procissões, com várias ruas tomadas de gente, as áreas principais, ao redor da catedral e nas ruas principais, com filas e mais filas de cadeiras (reservadas pras familias ricas que pagam uma bolada por elas) e até a querida Sevici teve estações desativadas pra impedir a circulação de bicicletas em áreas de procissões. Tudo meticulosamente pensado.
O que não deu pra prever foi o temporal, que molhou desde o começo e a partir da quinta-feira (ou seja, nos dias principais) impediu a saída das procissões e deixou turistas e sevillanos muito é tristes.
Contando a história desde o começo, é preciso mencionar que os festejos começaram no Domingo de Ramos, quando todas as pessoas saem bem vestidas nas ruas e as mulheres compram roupas novas (vide os figurinos ao lado "Hoy me voy de rojo - y yo de verde". Ramo que é bom, eu só vi um galhinho tímido que nem de palma era, na missa. Crente que ia ver sevilla coberta de verde...
Nos dias que se seguiram, a programação era mais ou menos assim: procissões por toda a tarde e noite, cada uma de uma Irmandade (tipo uma organização dentro das paróquias) que seguiam mais ou menos o mesmo padrão, banda, nazarenos, o paso de Jesus, mais nazarenos, penitentes, o paso da Virgen, mas banda. Os pasos são as estruturas com muitas velas e ornamentos que carregavam imagens de Jesus em seus atos mais conhecidos, referente ao dia da semana que aparecem.

Em Sevilla os pasos são carregados por homens, que se juntam pela cidades semanas antes ensaiando com concreto nas coisas o peso dessas estruturas. Uma das poucas cenas de fé e sacrifício que vi (isso porque as procissões são chamadas "estações de penitência") foi o descer do paso, quando abre-se a cortina vermelha e vê-se a cara desses homens, aparece um outro oferendo água em uma jarra de barro, e depois fica um senhor de terno na frente do apso precitando palavras de força até bater forte na madeira e num tranco só o paso se levanta, e soam os aplausous, numa cena que se repete mais ou menos a cada quinze minutos de procissão.
Fora isso, passava  a banda tocando uma série de instrumentos, mas não tinha assim um canto que todas as pessoas na rua pudessem acompanhar. Mas peraí, canto? Não deveria ser uma.. oração? Do Santo, do dia, o terço? Necas. Fora as imagens religiosas e a longa história das irmandades na cidade, o que vimos foi um desfile de imagens e um mar de turístas fotografando-as (nós inclusive, claro). Os Nazarenos são as figuras que levam esses capuzes compridos e a quem (quase) todo mundo se referia como Ku Klux Klan mas que ninguém, eu disse NINGUÉM soube explicar o porque do figurino (eu perguntei, juro! mais de uma vez.) 
Os penitentes são os que levam as mesmas roupas dos narazenos, mas sem armação pontiaguda, e carregam na mão uma cruz e saem descalsos (um dos outros poucos atos de sacrifíco) na procissão, mas o espanhol que eu conheci que sai de Penitente me disse que o pai dele o inscreveu quando ele nasceu, paga todo mês à irmandade pra ele sair na procissão e que nos outros 364 dias do ano ele não faz nada relacionado à igreja. 

A segunda cena mais emocionante que presenciamos, a quase saída de umas das irmandades mais antigas - esperanza de Triana - bairro onde vivo yo, me surpreendeu de duas maneiras. Foi assim: Estava o bairro INTEIRO concentrado na porta da igreja de onde sai a tal famosa Vigen, quase todo mundo já concentrado ali desde meio dia, "bajo el sol", aplaudindo vigorosamente quando chegou  a banda, quando o céu resolve cair sobre nossas cabeças em forma de água, deixando a Virgen quietinha protegida dentro da igreja e todos os sevillanos presentes de coração na mão. O anúncio foi fatal: entre a chuva apertar, as pessoas se solidarizarem com a banda (PARAGUAS A LOS NINÕS!!!) e a correrria pra sair todo mundo dali, ao vê-los saindo, não faltou gente chorando, e a cena foi bem triste.
Por outro lado, enquanto esperávamos a decisão da saída-ou-não-saída, perguntamos a um senhor o que significava o símbolo no brasão da irmandade, o homem me saca uma medalha de ouro do pescoço enchendo a boca pra dizer que a tinha há uns 50 anos, pra na hora de responder gaguejar: "oye tía... que no tengo ni idea". OI? Como você não sabe o que significa o símbolo que vc carrega a meio século????????????????????????
Relembrando as festividades mais religiosas no Brasil, sejam elas quais sejam, com todas aquelas senhoras de terço na mão, com a história de seu santo padroeiro na ponta da língua, não teve como não associar tudo isso a uma espécie de carnaval: Concentração, "sair" na escola que mais te agrada, passar a bateria animando as "alas", alegorias e mais alegorias.. bom, achei estranho.
Naquela que é considerada a cidade mais católica do mundo, termino com a imagem que caracteriza a Semana Santa, e que apesar de tudo é bem bonita: os impressionantes pasos, com suas cenas bíblicas decoradas com delicados ornamentos dourados e  inúmeras velas. 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Engenheiros em protesto

Parêntesis na Semana Santa pra registrar um acontecimento da semana passada: um protesto de estudantes na faculdade, que hj eu consegui as fotos da Luana que estrategicamente tinha sua máquina em mãos naquela tarde. Foi assim: estávamos na aula ouvindo uma barulheira enorme, e quando saímos vimos todos os aparejadores na rua gritando e marchando rumo à reitoria. Aos poucos fomos nos inteirando do que se passava. Acontece que aqui na Espanha, a Escola Técnica Superior de Arquitetura oferece uma formação super completa aos estudantes, que comparado aos cursos do Brasil é quase uma soma de Arquitetura e Engenharia Civil, à exceção de alguns temas que ficaram por conta de uma outra escola vizinha, que primeiro se chamou Escuela de Aparejadores, depois Arquitectura Técnica, e por fim, recentemente, ganhou o título de Ingeniería de Edificaciones, o que os deixou muito cheio de orgulho de finalmente serem chamados de engenheiros. Acontece que, estavam querendo tirar o título deles, ("só da gente!") sendo que todas as demais engenharias continuariam formando seus "engenheiros". Bastou pra que todos os alunos se juntassem num protesto desde o campus da Reina Mercedes, onde fica sua Escola, até a Reitoria, parando o trânsito numa avenida importante da cidade, e atraindo uns muitos carros de polícia. "Mano arriba, esto es un atasco!", y "Industriales, hijos de puta!" foram algumas das coisas que eu ouvi, sendo que o reitor é um engenheiro industrial e não parecia ter abraçado a causa, mesmo sendo o único que podería fazer alguma coisa no âmbito Sevilla.
Cervejas na mão, escolta de policiais, e algumas horas depois tudo se acabou, mas legal foi ver a quantidade de alunos se juntando pela causa! 
Inge-nieros! Inge-nieros!

domingo, 17 de abril de 2011

Da neve aos Ramos da primavera

Na verdade, esse era pra ser um post sobre o inverno. Mas eu demorei, a primavera se anunciou e não tive escolha, senão que comemorar o domingo de Ramos dando tchau pro frio que senti por tanto tempos nas bandas de cá. . Depois de muitas tentativas a neve, foi na Sierra Nevada, perto de Granada, na Andaluzia mesmo, que eu me deparei com esse cenário todo todo branco, bonito demais. O ski foi uma aventura doida que.. não deu em nada. O medo bateu, e eu me diverti mesmo foi fazendo boneco de neve e anjinho jogada no chão.
É a última vez que eu menciono o frio, Sevilla não deixa mais. Vanesa e João compraram uma piscina no chino pra não deixar de aproveitar nem um segundo do sol de Sevilla, que já passou dos 30 graus várias vezes, e estão me chamando pra eu largar o computador e me juntar a eles.
Queria escrever mais, mas fica pra próxima vez.
Terminando então com uma foto na beira do Rio, num dos programas mais primaveiris daqui..

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Aventuras na cozinha

Primeiro arroz com feijão - branco
Esses dias assisti o filme Julie e Julia, que é sobre uma americana que resolve aprender a refinada culinária francesa, e fiquei me perguntando porque ainda não tinha escrito como anda a vida culinária por aqui.
Pra quem ainda não sabe, na España se come tapas, que são pequenas porções de muitos tipo de comida, pode ser desde presunto até carne com tomate. Mas não é sobre a comida na rua que eu queria falar, e sim sobre como eu fui aos poucos criando intimidade com o o fogão (mais precisamente, com a vitroceramica que eu tenho agora, e a ausência do forno!)
Quem me conhecia sabia que na minha casa em Niterói eu só entrava na cozinha pra comer, e não tinha a menor intimidade com o fogão. Aqui quem me ensinou a cozinhar primeiro foi a Luana, me introduzindo nas coisas mais básicas e me dando força pra não desistir ao primeiro arroz queimado. Essa primeira foto aí do lado é uma das primeiras refeições decentes que comi aqui, à la brasileira. Não durou muito. Comer com arroz, feijão, carne, batata, salada e zas e zas dá mt trabalho e consome mt tempo, e não vou esconder que trai o arroz pelo macarrão e passeo um bom tempo só comendo isso..

Cheia da intimidade com a panela! hahah

Bom, o mais importante é como eu crei gosto por cozinhar! Nunca em minha vida pensei que sentiria falta de reforgar uma cebola ou picar um frango. Pratos que eu achava que só uma autoridade superior da cozinha -mamãe- poderia fazer, se mostraram super fáceis, como o strogonoff. Ai como eu amo strogonoff! Pena que não dá pra comer todo dia. O tema da gordura foi outa coisa que me passou aqui. No começo, quando eu ainda não tinha muita paciência pra cozinhar eu emagreci bem,  mas do natal pra cá, passei a conhecer melhor os supermercados, as coisas que eu gosto de comer, e foi uma bola de neve, juntando com o fato de no inverno a gente sai sempre com muitas camadas de roupa e é mais difícil reparar que ta engordando.. bom, agora estou tendo que correr atrás do prejuízo. Gosto também de observar como cada um aqui vai levando sua vida culinária. A Luana tem uma mãe nutricionista, então comia sempre muito responsavelmente, pensando em balancear nutrientes no prato, e cheia dos conhecimentos dos legumes e vegetais. O João é exigente, gosta de tudo muito bem feito e temperado, e tem muita paciência pra fazer pratos mais elaborados e demorados. A Vanesa era a única que já morava sozinha antes de vir pra cá, então já tinha algumas manhas de cozinha, mas fiquei surpresa como foi pela comida que ela mais se inseriu na vida espanhola – enamorou-se pelo azeite e pelas torradas com azeite e tomate pela manhã.


Fora isso, a gente vai se acostumando com os ingredientes que encontra por aqui, feijão em lata pra não precisar cozinhar, patê, que é muito barato mercado, carnes não tão boas e paellas conjeladas. Na minha geladeira o que mais mudou foi a presença dos vegetais: nunca falta berinjela, pepino, pimentão, cogumelo, alface, tomate. A berinjela foi um achado alemão: o alemão que morava comigo não vivia sem, e sempre me oferecia, e eu, com vergonha de recusar, acabei me viciando. Agora moro com duas italianas, que, claro, comem macarrão todo santo dia. Essa última foto é da festinha de despedida do meu antigo piso, cada um levou alguma coisa que gostava de fazer. O Pieterjan(belga) levou guacamole, o Fabia (alemão) peixe frito, eu levei strogonoff. A lentilha é da Irene, uma italiana que não tinha mais nada na geladeira naquele dia.. a Luana levou uma sobremesa deliciosa de banana! Foi uma bagunça culinária, mas ficou gostoso! 
Beijos!

terça-feira, 29 de março de 2011

O BRASIL TÁ NO AR!!



Pequeno post para parabenizar à Berni, Pablo e Natalie que conseguiram bolsas pra estudar arquitetura no Brasil. Os dois primeiros são espanhóis, sendo que o Berni tá vendo se vai pra São Carlos-SP, e o Pablo pra SALVADOOOOOOOOOOO!! Legal demais. 
A Natalie é belga e conseguiu uma bolsa sabe pra onde?!
FAU-UFRJ!!!!! Gente, imagina uma belga que nem espanhol fala solta no Rio!!!! Espero que ela de fato vá, aprenda portugues e eu possa apresentá-la a todos os meus queridos amigos que estão por aí!!!

Eu acho que a experiencia de estudar num exterior é extremamente interessante e digamos assim exótica, mas acho que nem se compara com o que deve ser pra um aluno estrangeiro estudar lá!! O Pablo e a Natalie nem de cidades grandes européias (que vamos combinar, são bem pequenas) vieram, eles são de pueblos! Os tais povoados ou cidades pequenas que enviam alunos e mais alunos pras cidades universitárias, como Sevilla.

Não é de agora que eu tenho reparado como o Brasil tá bombando!!! Outro dia ouvi no onibus um garoto contando ao seu amigo seus planos de ganhar a vida onde ela realmente promete - Brasil. Meu professor de projeto já falou que trabalho aqui tá dificil e que ele queria mesmo é ir para o... Brasil. O de teoria visitou São Paulo e me contava maravilhado como se tivesse ido pra marte (tantos rascacielos!!) , e o de composição já até publicou numa revista de um grupo de pesquisa brasileiro - o Nomads de São Carlos, pra onde deve ir o Berni e onde eu mesma estive fazendo um workshop anos atras.
É, o mundo gira, o mundo é uma bola. 

Tomara mesmo que eles consigam ir, vai ser um ano muito divertido :D

segunda-feira, 14 de março de 2011

A Casa

A casa tem sido um tema constante na minha vida nos ultimos tempos. Bom, em espanhol tem uma palavra que define a casa melhor do que "casa", é a vivienda. Lugar de viver. Minha matéria de projeto tem como tema a vivienda, e meu professor vive dizendo que é o projeto mais difícil de fazer. Museu? Centro cultural? Comercial? Que nada. Vai projetar um lugar onde as pessoas tem que viver intrinsicamente e verás o que é um desafio. Pra projetar uma casa a gente vê que é preciso entender muito bem como anda a vida das pessoas. Como andam as famílias, as relações hierárquicas com os empregados e serviços da casa, onde se come, reza, ama, essas coisas. 
Também estive pensando muito sobre a casa porque me mudei recentemente. Em Niterói sempre morei com meus pais e acho que não pensava muito em outras opções de moradia porque.. não tinha opção mesmo. Mas aqui, com todo um horizonte de opções, minha cabeça foi a mil. O que é realmente necessário que uma casa forneça, enquanto ambiente construido, pra gente ser feliz? Preciso de uma sala com muita luz?! Com vista pra onde?! Lavabo é necessário?! Quão pequeno pode ser um quarto?! Corredor é ruim?! Cozinha pode não ter forno?! E penduramos a roupa aonde?! Até que ponto pequenos incômodos no dia-a-dia podem se tornar uma pedra no sapato foram questões para às quais fui me atentando não só pra procurar um canto pra mim, como pra pensar um canto para os outros.
Acabei assentando-me num apartameno de três quartos, que divido com duas italianas, melhor ainda, palermitanas, e já estou sentindo a diferença de morar com os nórdicos belgas e alemãs com quem antes compartia minha casa. Pra quem já viu "Bienvenidos al sur" (não sei como vai ficar o título em português), sabe quem os italianos do sul são alegres, abertos e carinhosos, comem bem, dormem bem e gostam muito de café! hahahahaha
Aqui em casa os quartos são grandes, mas é a sala que sempre fica ocupada, com a televisão ligada agregando companhia mesmo quando estamos facebookando. Alias, isso foi um detalhe que me chamou muito a atenção, já que no meu apartameno anterior tínhamos uma tv na sala, mas eu acho que se foi ligada cinco vezes foi muito. Me dei conta de que no Brasil tínha 5, isso mesmo, cinco televisões na casa (uma em cada um dos tres quartos, uma sala e uma na cozinha!!!) e como ela fazia parte da nossa vida. Entre notícias no jornal, séries de tv ou qualquer bobagem, ter o hábito de ver tv foi uma das coisas que fez com que eu me sentisse mais em casa agora, levando uma vida caseira mais parecida com a que eu tinha na minha terrinha.  Que venha eramus parte 4 - sevilla versão italia. 
Nas próximas notícias espero que o vocabulário siciliano já não me pareça tão estrangeiro! hahahahaha


Ciao! 

quarta-feira, 2 de março de 2011

Quando a rua vira casa

Margens do Gualdaquivir
Nossa, como faz tempo que eu não escrevo aqui. Um mês, quase?! Tsc tsc, que isso não se repita! Nesse meio tempo muita coisa aconteceu, e pelo último post deu pra perceber que as coisas mudaram por aqui. De muitas formas na verdade. Das pessoas queridas e dos amigos mais especiais que fiz aqui, muitos terminarem sua jornada e voltaram pro Reino Encantado do Brasil, deixando os que ficaram com uma ambígua sensação de vazio, sem saber o que nos vai passar nesses próximos meses de reta final de Espanha. Ambuiguidade é o que falta nos nossos coraçõezinhos por agora.. ok, vou falar só por mim. O ano tardou mas virou, o segundo cuatrimestre finalmente começou e eu não sei se prevalesce a impressão de que o tempo tá passando e que um dia de fato eu vou voltar pra casa, ou se, pensando nisso, dar-me conta de que ainda faltam alguns bons meses. Serão cruciais. Vão definir os rumos da arquitetura que eu vou seguir no Brasil, os demais lugares dessa Europa que eu vou conhecer, as amizades que eu vou manter, seja aqui ou seja lá. 

Voltando à Sevilla, tenho que contar sobre duas coisas importantes que me aconteceram nesses ultimo mês. A primeira foi mudar de apartamento. Pois é, alguns meses depois de enfrentar transito pra ir e voltar da faculdade eu me dei conta de que tinha a faca e o queijo na mão pela primeira vez na vida pra mudar uma circutância estrutural que me incomodava, assim que, passada uma saga pela busca de um novo piso, consegui o que queria: ficar perto da faculdade, dos amigos, dos festejos e do rio. De quebra ainda caiu nas minhas mãos um quarto melhor, um ape mais legal e duas novas companheiras de piso italianas que são uns amores. 

A outra coisa foi viajar pra Viena pela segunda vez. Decidi ir porque janeiro foi um mes muito duro em Sevilla, com todo mundo estudando pros exames e o frio apertando, a saudade da família bateu forte e eu fui correndo pra casa da minha prima e passei logo todas as férias de inverno lá. Posso dizer que me apaixonei: Viena é depois de Sevilla a cidade mais legal que eu conheci aqui (afetos à parte! haha) e foi uma delícia poder conhecê-la melhor. Passei os dias ensolarados que fizeram por lá (pois é, a neve pelo visto não gosta de mim) estudando a obra do Gustav Klimt, um pintor modernista incomparável e do Coop Himmelb(l)au, um estúidio de arquitetura contemporanea. visitei museus fora do circuito turistico, comi bem, patinei no gelo numa pista que é quase uma mini-cidade, e de quebra ainda tive a oportunidade de reascender uma paixão: na casa da minha prima tem um piano!!!!! Nossa, como a música me faz falta..

Enfim voltem à Sevilla, renovada, pronta pra fase de adaptação ao novo piso e às despedidas dos amigos que voltaram pro Brasil. Fomos abeçoados com uma onda de calor que tomou conta da cidade no meio do inverno e lotou as orillas (margens) do Guadalquivir.
Hoje eu vou pras Ilhas Canárias, curtir um carnaval que dizerm assemelhar-se ao Brasil (a conferir) e ver o mar. Aaahhh, o mar! Até mais, gente! :D

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Despedidas: Adeus não, até logo!!!!!!!!!!!!

"Amigos são pra toda a vida"*


Não julguem que a amizade
Não existe.
Nem devem ficar deprimidos
Pois os que mais se calam
São os verdadeiros amigos.
Procurem dentro de vós, 
Analisem o vosso ser.
Não tenham medo,
De aprofundar
Verão que o amigo melhor
É o que soube calar.
Esse sim é o verdadeiro
Sois vós mesmos.
Os que não se conheciam
Depois de solidificados
Até ao maior inimigo
Conseguem dar amizade
Com maior alegria.
A amizade dá-se
Sem que a peçam.
O coração abre-se
Para que essa amizade entre
Tem que ter portas abertas.
Seja boa ou seja má
A pessoa escolhida pouco importa
Sentimos um impulso
No nosso coração
Quando nos bate à porta
Lembrem-se,
O invólucro não é tudo
Neste caso conta muito o conteúdo.
Amizade!
Como soa bem esta palavra,
Dar e receber
Sem se ter pedido nada".
*(Não sei quem escreveu, mas achei que caia bem!)


"o mundo gira, o mundo é uma bola"
Porque o mundo gira, e porque sem vocês esses primeiros seis meses não teriam sido tão especiais!
Amigos queridos! Obrigada por todos os momentos incríveis que passamos juntos!!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ana e o Mar, Luísa e o Rio.

Manifesto de saudade do mar. Porque o Rio Gualdaquivir é lindo, mas não tem areia. (nem brisa do mar, nem a imensidão azul.. que me faz tanta falta).

Teatro Mágico, Ana e o Mar:
"Veio de manhã molhar os pés na primeira onda. Abriu os braços devagar e se entregou ao vento. O sol veio avisar que de noite ele seria a lua, pra poder iluminar Ana, o céu e o mar. (...)
Ana aproveitava os carinhos do mundo, os quatro elementos de tudo, deitada diante do mar, que apaixonado entregava as conchas mais belas, tesouros de barcos e velas que o tempo não deixou voltar! (...)O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo, abençoando ondas cada vez mais altas, barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar, desse novo amor... Ana e o mar."

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pernas pra que te quero?! O metrô vai dominar o mundo.

Não foi no Rio de Janeiro que tudo começou, embora eu seja uma (quase) carioca da gema (aham, cláudia..) aaah, foi em Londres. Hoje em dia não dá pra circular numa grande cidade européia sem disfrutar dessa sensação de... minhoca. Desculpa, não consigo pensar em outra palavra. Lá vai você espremer-se por debaixo da terra e.. ok, parei. Eu vim pra falar bem do metrô, e seu eu não admitir suas vantagens meus fiéis companheiros de turismo me matam. Então vá lá:
No começo foi uma coisa linda, numa cidade conto de fadas, tudo limpo, claro, civilizado, ainda por cima em alemão, uma coisa assim.. rica. Ah é, esqueci de dizer que antes de me aventurar por Londres eu passei no humilde metrô de Viena, e ainda ganhei um comentário de uma amiga viajada no facebook: "ih, Luísa, vc não viu naada!" ¬¬ Lá fui eu me meter no desenhado London Underground. O mapa deu tão certo que virou marca, há estampas dele por todo canto. Os mapas são sempre assim... didáticos. Aliás, se tem uma coisa que eu não posso reclamar de metrô é a eficiência. Não só de serviço, mas de comunicação! É uma lição viva de comunicação visual. Os mapas são sempre assim coloridinhos e fáceis de entender; nas estações sempre tem placas orientando seu caminho pelos túneis e inclusive relógios dizendo o quanto você ainda tem que esperar. Em Londres está escrito naquela faixa amarela antes da pista: "mind the gap" e também é falado por uma voz quando você entra ou sai do metrô. Claro, Mind the Gap também virou marca. Significa algo do tipo, "se liga na faixa" numa tradução bem porcaria.

Era de dar medo, juro. Você entra na estação e não desce uma escada rolante, desce umas três! Além do que elas são GIGANTES! Dá pra se sentir naquelas histórias de viagem ao centro da terra..
Ainda bem que as estações são projetadas pra serem bem iluminadas e sinalizadas, senão estávamos todos ferrados. Ah, é uma coisa fofa quando tem gente tocando música dentro da estação. Eu mesma ousei tocar umas noticas no teclado de um tal muito simpático entre o Hyde Park e o Tâmisa.

Bom, depois de voltar ao Reino Encantado de Sevilla e passear pelas doces Zaragoza e Bilbao antes do Reveillón, lá fui eu fazer turismo no metrô de Barcelona:
Repare bem nas bolinhas que viram feijões: isso se chama conexão. Posso reclamar um pouco? Se tem coisa pior que deixar de ver a cidade pra chegar mais rápido lá e cá (o que é totalmente aceitável, admito) é deixar de ver a cidade pra bater perna no.... SUBSOLO! É sério!! lá vamos nós percorrer os túneis subterrâneos já não mais limpos, bonitos e sedosos como os de Viena, pra pegar o próximo trem. Há quem diga que dá pra percorrer Barcelona inteira por aí debaixo, mas eu prefico bater perna nos bem cortados quarteirões com esquinas em 45º que eu tanto estudei na faculdade.
Achou que tinha visto de tudo nessa vida? Bem vindo ao mapa do metrô de Paris!!!!!! Isso sim é tecnología da comunicação!! Numa mesma sequencia de linhas e cores, você quizá encontra as linhas de metro de trem e o que mais você quiser. Os trens são rápidos, mas os vagões, antiquíssimos, às vezes me sentia num filme daqueles antigos, con trens e tal, sabe?! Mas láa embaixo da terra. Algumas linhas são bem longas, mas você pode acompanhar seu destino pelas bolinhas que marcam cada estação: elas vão acendendo conforme o trem passa, legal e bem útil.
Algumas outras curiosidades: 
Tem bancos que ficam perto da porta que não são bancos de verdade, quando o metrô lota você se levanta e enconsta ele. E olha que o metrô lota bastante!! Contei nos dedos as vezes que consegui sentar. Rio de Janeiro feelings. 
O que não lembra o Rio nem um pouco é a organização da escada rolante. Lado direito se você quer ir com calma no seu degrauzinho, lado esquerdo se você é apressadinho. 
Temperatura: viajar no inverno dá nisso, ar puro congelando e você com mil casacos. Metro aos vinte e todos graus e você.. com mil casacos. Depois de um tempo você se cansa de tirar e no máaximo fica sem gorro e luvas, porque senão vc sufoca...


Enfim, deslocamento rápido, quando o tempo é curto = saldo positivo. Vamos torcer pra que essa facilidade da vida urbana moderna chegue logo no Rio de demais "Brasis" e eu saiba aproveitá-lo é muito bem.


Beijos!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Manolito Gafotas, o "Menino Maluquinho" espanhol :D

Suzana Braga-sucias, Orejones, El Imbécil (el niño hermano de Manolito), Manolito Gafotas, Yihad y acima de todos, el abuelo.
Já tinha comentado que as aulas de Espanhol que temos na faculdade (de graça, díga-se de passagem) são demais. A professora tem um senso de humor sarcástico que eu adoro, e sempre fala de coisas da cultura espanhola, porque afinal é uma turma de estrangeiros, e língua e cultura andam lado a lado. Bom, esses últimos tempos descobrí de onde saída tanta graça. Acontece que além dos livros didáticos temos um livro "de leitura" à parte, que no começo confesso que fiquei com preguiça de ler, mas que resultou sendo uma forma muito interessante de conhecer mais da cultura española. Se chama Manolito Gafotas, uma série de livros deste menino que é uma graça! Fofíssimo, mora com seus pais, irmãozinho (a que ele carinhosamente chama de imbecíl), e seu avô, o típico vôzão herói. O livro é narrado pelo próprio Manolito, o que confere à coisa toda uma perspectiva muito engraçada. Ele vai contando como é sua vida e narra alguns causos que lhe passaram, então ficamos por dentro de expressões bem coloquiais da língua (que afinal são que fazem a gente se comunicar informalmente) e é impressionante como ajuda a pensar em espanhol. Ah, eu to encantada pelo Manolito. Levei o livro pra faculdade um dia por acaso e tinha que ver a comoção dos coleguinhas! Vários falavam dele com uma nostalgia gostosa, deu pra ver que é um personagem que fez parte da infância de muitos espanhóis.
Botei no google e voilla: ele tem site próprio (clique aqui =P) e até filme!! Veja o trailer: 
Não pude deixar de lembrar do Menino Maluquinho, que também fez parte da minha infância..
Beijos!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Desastre no Rio de Janeiro. Como ajudar?


www.elpais.com comunicando que se pasa.


Mal chegou janeiro e lá vem o Rio sofrer com as chuvas de verão. Pausa nos causos Sevillanos pra divulgar um pouco como se pode ajudar.

Algumas mensagens que eu recebi no facebook: 
"Segunda-feira começa lotada no Hemorio. O tempo de espera já está em 5h. Pedimos que as doações sejam feitas daqui a 15 dias."
"Contas em que se pode depositar dinheiro pra Região Serrana:
- Viva Rio (organização não-governamental). Banco: Banco do Brasil. Agência:1769-8. Conta-corrente: 411396-9 CNPJ: 00343941/0001-28
- Defesa Civil - RJ. Banco: Caixa Econômica Federal. Agência: 0199. Operação: 006. Conta: 2011-0
- Prefeitura de Nova Friburgo.  Banco: Banco do Brasil. Agência: 0335-2. Conta: 120.000-3.
- SOS Teresópolis - Donativos. Banco: Caixa Econômica Federal. Agência: 4146 C/C: 2011-1. CNPJ - 29.138.369/0001-47.
“To divulgando ... se eu fosse da area medica, nao pensaria duas vezes!! ""acabei de deixar umas doações no centro comunitário em frente à capela do salesianos santa rosa (niterói). eles estão indo p/ friburgo amanhã cedo e precisam de MÉDICOS e PSICÓLOGOS! alguém?? o contato é o bruno - (21) 9801-6307. por favor divulguem!""


Onde se pode ajudar (achei no blog http://ginapsi.wordpress.com/ - Valeu!)

Polícia Militar – Todos os batalhões de Polícia Militar do Rio estão funcionando com centros de doações de sangue para as vítimas. Os comandantes dos batalhões também recomendam que sejam doados água mineral e alimentos não perecíveis, além de material de higiene pessoal. O material arrecadado será encaminhado ao 12º BPM (Niterói), de onde será enviado para as áreas afetadas.
Cruz Vermelha – Deixou o Departamento de socorros e Desastres em um plantão na sede, localizada na Praça Cruz Vermelha 10, no Centro, para receber água mineral, alimentos de pronto consumo (massas e sopas desidratadas, biscoitos, cereais), leite em pó, colchões, roupa de cama e de banho e cobertores. É possível fazer toados em vários estados. A entidade abriu uma conta para receber doações em dinheiro (Banco Real Ag. 0201 c/c 1793928-5).
Caixa Econômica Federal –As doações aos moradores das regiões em estado de emergência podem ser feitas na conta da Defesa Civil do Rio de Janeiro, número 2011-0, agência 0199, operação 006.
Bradesco –O beneficiário da conta é o Fundo Estadual da Assistência Social, agência 6570-6, conta corrente 2011-7.
Itaú Unibanco – Aceita doações em favor de Fundo Estadual de Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro: Itaú (341), Agência 5673, Conta 00594-7, CNPJ: 02932524/0001-46. Podem ser feitas pela internet, rede de agências e nos caixas eletrônicos Itaú. As agências também estão funcionando como postos de coleta de roupas, cobertores, agasalhos, calçados, materiais de limpeza e higiene, água e alimentos não perecíveis.
Doações na Rodoviária – Na Rodoviária Novo Rio, as doações para a Cruz Vermelha estão sendo recebidos no piso de embarque inferior, das 9h às 17h.