quarta-feira, 22 de junho de 2011

Até hoje foi sempre futuro

"Ai, ai, ai aaaaaii, tá chegando a hora! O dia já vem, raiando meu bem, eu tenho que ir embora!"


Bati o recorde mais uma vez. Passou praticamente um mês desde meu último post, infelizmente. Hoje é meu último dia em Sevilla, minha última noite aqui na minha casa.  O último mês foi corrido: meu irmão veio me visitar, eu terminei as atividades da faculdade, e viajei para alguns lugares fantásticos. O blog, durante esse ano todo, foi uma boa forma que eu encontrei de desabafar um pouco e compartilhar tudo que andou passando comigo. Foram uns 50 posts e mais de três mil visitas, e valeu muito a pena. Amanhã começo a primeira parte da grande viagem final, e não sei como vai ficar meu acesso à internet, então por hora fecho as portas oficialmente, deixando uma fresta aberta pra um prólogo, ou "o que aconteceu com Luísa depois de dar a volta ao mundo em 80 dias".
Pra tentar compensar um pouco a ultima ausencia, aí vai um an passant dos últimos acontecimentos:

Depois de nove meses de comunicação via uma tela, o Gabriel, meu irmão gêmeo, veio me visitar!!! El Gemelito fez o maior sucesso, conheceu meus amigos, apreciou minha desenvolta culinária, turistou e fizemos muita festa juntos. Foi uma semaninha curta mas muito divertida, que acabou em Madrid, de onde saía seu voo de volta para o Brasil. Te amo, Ga!
De Madrid eu peguei um võo pro Porto, em Portugal, ter uma aula de arquitetura com o Álvaro Siza, principal arquiteto português, Souto de Moura, seu discípulo e recente ganhador do Pritzker, o "Oscar" da arquitetura, e o Rem Koolhaas, arquiteto holandês que tem esse projeto aí da foto - a Casa da Música - no centro da cidade (Na foto, a primeira vista que eu tive do projeto, saindo da estação de metrô que leva seu nome). É asustador. Eu passei o ano estudando o Siza e o Koolhaas aqui em Sevilla e de verdade foram dois dias de aulas de arquitetura viva. Casa linha do desenho desses arquitetos tem um sentido, e as suas obras quase que falam. 
Além disso, estar em Portugal foi uma emoção à parte. Fazia tempo que eu não me comunicava livremente em português (falar com os brasileiros aqui de Sevilla não conta! haha) e lia "ç" e "ão" por todo canto. De certa forma a proximidade com o Brasil e com a minha volta mexeram um pouco comigo, sabendo que tá muito próximo o finzinho aqui, mas enfim, o encanto com essa cidade me animou, foi uma das mais bonitas que já vi por aqui.
E, por fim, a aventura mais esperada da Europa: ir pro Marrocos fazer uma excursão ao deserto.. haha. Não tenho como narrar todas as coisas que vi e ouvi por alí, fosse no barulho de Marrakech, fosse no silêncio do deserto em Merzuga, fronteira do Marrocos com a Argélia. As cores intensas, a caligrafia delicada, o dinheiro que vale tão pouco, as crianças pedindo dinheiro, as mulheres de cabelos escondidos. Os berbers, nômades do deserto que mal sabem sua idade mas falam uns cinco idiomas, conscientes de que comunicar-se é uma forma de sobrevivência. O calor quase carioca, a cor sempre rosa das construcôes, a mimesis com a natureza, a arquitetura sempre presente. A simpatia das pessoas, o desespero das pessoas. As dunas infinitas, o mar de areia. Foram mais ou menos quatro dias e meio nesse país, mas bastou pra perceber que ficou muita coisa por ver. Que bom, fica uma desculpa pra voltar.

Então, por fim, acabou. Sabe aquela música, é só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte? Impossível não lembrar. Mas eu prefiro guardar com carinho o título desse post, que eu ouvi de um italiano que se foi de intercâmbio em portugal, e entendeu assim sua experiência: até hoje foi sempre futuro. Não sei quando a ficha vai cair de tudo o que passou, mas o sentimento de alegria e aprendizado vão ficar pra sempre. 

Serão muitos dias de viagens antes de voltar ao Brasil, e espero realmente ter tempo pra ir contando as aventuras por aqui. 

Um beijo pra todos os que me acompanharam aqui, lendo, comentando, me apoiando!

Hasta la vista, baby!